Em artigo publicado na revista Global Change Biology, 12 cientistas brasileiros apresentaram resultados preliminares de pesquisas e alertam que linhagens inteiras de vida podem desaparecer no Cerrado nos próximos anos. 

Reportagem publicada no site UOL destaca o novo estudo que analisa como a transformação da vegetação nativa em lavouras está acelerando as mudanças climáticas em um bioma que já teve quase metade de sua área convertida em plantações de soja, milho e algodão e pastos para gado. 

A matéria também afirma que a maior parte da escalada do desmatamento aconteceu após os anos 1990, quando produtores do agronegócio se concentraram numa parte do bioma que apelidaram de Matopiba – acrônimo que reúne as sílabas iniciais de quatro estados: Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Hoje a região é o coração da nova fronteira agrícola brasileira.

O Cerrado de hoje é bem mais quente e seco do que no passado, conclui o artigo a partir de análises de temperatura e mudanças na precipitação ao longo de seis décadas. Aumentos de 2,24 °C em média nas temperaturas máximas mensais foram observados entre 1961 e 2019, com picos de 4 °C no mês de outubro. Se esta tendência persistir, a temperatura será 6 °C mais alta em 2050 em comparação com 1961, diz a reportagem. 

“As mudanças climáticas por si só já têm este efeito [quente e seco] sobre a região. O que estamos fazendo é ampliar este efeito expandindo as áreas de plantações, como a soja, e reduzindo a cobertura de vegetação nativa”, diz Francisco Aquino, professor de Geografia da UFRGS e um dos autores do estudo. 

No artigo, os pesquisadores argumentam que a interferência humana está perturbando uma estratégia eficiente da natureza, em que, durante os meses de pouca ou nenhuma chuva, as árvores do Cerrado usam suas raízes profundas para buscar água em aquíferos a até 15 metros de profundidade no subsolo. Isso permite que as plantas continuem realizando fotossíntese e soltando água na atmosfera através da transpiração e da evaporação mesmo na estação seca. 

Colheita da soja no Cerrado