Em torno de 1500 pessoas participaram do Webinar Cerrado: Cenários e Perspectivas (no dia 10/09) promovido pelo FIP Monitoramento Cerrado para celebrar o Dia Nacional do Cerrado, que desde 2003 é comemorado no dia 11 de setembro. 

Por meio das redes sociais como YouTube, Facebook e LinkedIn, especialistas discutiram o uso da tecnologia no monitoramento do segundo maior bioma do país e apontaram as perspectivas para a preservação da região.  

Luiz Henrique Mourão, Coordenador-Geral de Ciência para Biodiversidade do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e diretor nacional do Projeto, abriu o evento e comentou que o FIP Monitoramento Cerrado se encerra no final de 2021, mas deixa um legado de conhecimento e tecnologia. “O projeto teve um alcance muito grande, tanto no desenvolvimento do conhecimento, como no de tecnologias que foram utilizadas na preservação desse bioma que enfrenta pressões e sofre com os efeitos das mudanças climáticas”, disse. 

Jean Ometto, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e coordenador técnico do Projeto, apontou a importância do Dia Nacional do Cerrado como oportunidade para abordar a relevância do bioma que ocupa ¼ do país. Segundo ele, as mudanças climáticas vem alterando as características da região, que está mais quente e seca, o que impacta na capacidade de recuperação da biodiversidade, assim como diminui a resiliência e aumenta a vulnerabilidade de todas as espécies que vivem ali. 

Ometto destacou os avanços do FIP Monitoramento Cerrado na coleta de dados, produção de estudos e desenvolvimento de tecnologias para o monitoramento e conservação do bioma e acrescentou que o sucesso do projeto é resultado do esforço colaborativo de diferentes instituições e instâncias. 

“O fruto do nosso trabalho é a união do conhecimento, saberes, tecnologia e ciência trabalhando conjuntamente para aumentar a capacidade nacional para gestão territorial e planejamento integrado do nosso país. Quanto mais se conhece a dinâmica e a ocupação do bioma, melhor se organiza a relação de uso dos recursos naturais”.  

O professor Geraldo Fernandes, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) falou sobre a biodiversidade do Cerrado e sua relevância ecológica e explicou que a intensa pressão que o bioma sofre por conta do fogo, crescimento desordenado, poluição, desmatamento, entre outros fatores, provoca a perda da biodiversidade, o aumento de doenças, desastres naturais, fome e êxodo na região. 

“A alta diversidade dos ecossistemas do Brasil se reflete na riqueza das espécies. O Cerrado é de extrema importância, concentrando 5% da biodiversidade do planeta. A história da ciência está ligada ao nosso bioma com o nascimento da paleontologia nas Américas e no estudo da ecologia das plantas, que está registrada no trabalho de Peter Lund (1833-1880) e Eugen Warming (1863-1866)”, comentou. 

Governança nacional

Na parte da tarde o Webinar tratou do uso da tecnologia nos métodos de mapeamento e do futuro do monitoramento do Cerrado.  O professor Laerte Ferreira, da Universidade Federal de Goiás, disse que um dos principais desafios para o futuro do monitoramento é processar o grande volume de dados gerados, extrair as informações relevantes e gerar conhecimento. 

“Fica cada vez mais claro que precisamos de um programa nacional de governança territorial integrado que faça a harmonização dos dados integrando as informações de diferentes sensores, formatos e resoluções”. 

O professor Dalton de Morisson Valeriano, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), explicou que a tecnologia e a técnica na coleta de dados atualmente é promissora, mas está atrelada à capacidade humana de interpretação. 

“A tecnologia permite uma coleta de dados e imagens cada vez mais sofisticadas, o que representa uma oportunidade de inovações com benefício para a sociedade. À medida que investimos na capacitação das pessoas para entender e interpretar melhor essa informação, teremos resultados mais confiáveis e atualizados”, apontou. 

Confira a íntegra do Webinar Cerrado: Cenários e Perspectivas

1ª parte:

 

2ª parte:

 

Veja a apresentação do pesquisador Jean Ometto (INPE) 

Veja a apresentação do professor Geraldo Fernandes (UFMG)